sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Jóia

A visão é a mais linda

Busquei por isso tanto

Te ver de nádega enfeitada

Brilhosa como estrela, feito encanto

Charmosa 

Faceira

Rebola 

E louco me deixa

Me monto.

Contemplo e desejo 

Passar a língua 

Morder devagar 

Com meu toque grosso

Te arranhar 


Visão mais linda 

Que desponta ao livrar-se da calcinha 

Tudo brilha 

É jóia 

Valiosa

Noutra jóia que a abriga.


Em forma de coração 

Diz que me ama

E eu valorizo 

Eu bendigo 

Com minhas palavras

E um dildo 

Que te penetra noutra janela 

E o botão que se altera 

Eu sugo com fervor.

É pecado

É impróprio?

Não... não me importo 

Só me interessa o teu gozo.


Rômulo Andrade

domingo, 9 de agosto de 2020

Viçosa

O meu sabor é doce

É mel que escorre lentamente

Teu beijo me desperta e eu me desfaço em  mel

Toco-me. Sinto-me.

É tudo tão quente e gostoso de sentir!

Fico molhada 

Viscoça. Viçosa.

Fico uma delícia de ser chupada

Mas antes...

Ah antes eu te darei o mel

Na ponta dos dedos

E te darei na boca 

Para saborear

Com sede e desejo

E me pedirá mais

E virá beber na fonte

Cheio de vontade

Como se estivesse no deserto

Como se o oásis pudesse secar

Então meu mel te sacia

Te nutre

E te dá vida

E te fará descansar.


Gabriela

quinta-feira, 18 de junho de 2020

A tua boca


eu conheci tua boca
e dela gostei
boca boa
de beijo bom
dela eu gostei

enveredei e encontrei tua língua
língua de agrado eu sorvi
saciei a sede
depois senti de novo a vontade
de não sair dela
da tua boca

num canto qualquer desses de fim de festa
você sabe
foi minha língua em cima
a te lambuzar
que levantou em baixo
a quentura da paixão
e se avistaria de longe se vissem

eu não liguei
você não ligou
nem ninguém mais
a única conversa a se ouvir não tinha verbo
língua com língua
molhada, chupada, cansada até
mais ainda não
para parar não

tínhamos um canto escuro
seguro
eu poderia enfiar a mão
você poderia gemer
e risos bobos de quem faz coisa errada saiam
mas não tinha erro nas línguas
elas se acertaram tanto

eu já estava íntima dela
em cima e em baixo
onde nascem os afluentes do mundo inteiro
onde o céu vira casa
e lábios gozam

eu conheci tua boca
e teu hálito
também tuas palavras
teus gemidos

Gabriela

Ir


minha intensão era bem mais
que ter memórias pra ter saudade
minha intensão era ficar
fincar
eu queria mais beijos
e mais taças de amor
a me servir
amor quente
dos que despertam a garganta
dos que embebedam
e nos deixam de pernas bambas

eu queria bem mais que 

uma constatação de que foi bom
de que foi delicioso
eu queria lambidas no pescoço
e aperto de cintura
dos que deixam marcas
dedos famintos
dedos sabidos na hora do prazer

eu queria ser

não "ter sido"
povoar o mundo com minha libido
encher os campos
subir montanhas 
e deitar nos leitos dos rios
todo o meu gozo farto
adquirido contigo em algum quarto qualquer dessas paragens

eu queria paragem

era isso
um pouco de calma até
aconchego
colo
beijos na testa
sem preocupação com os relógios
com as datas e os voos de partida

eu não queria ir

ir é uma palavra pequena que não me cabe
eu prefiro um palavrão
mas ir foi o que me restou

e agora eu tento colocar na caixinha as memórias

as delícias
os gozos
e a
s desilusões

Gabriela

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Intenso Encontro


Teu olhar me encaminha
Para o prazer marcado
Eu invisto no que é possível ser
É possível ser meu passeio no teu corpo magro
É possível eu ser
Eu ser o que quero nesse exato momento
Te pedir um beijo e arrepiar
Sentir o desejo de te amar
Jogar-te na cama e me entregar
Sem pensar no amanhã
Sem pensar
Só sentir o gosto bom
Que nasce da tua intimidade
O gosto bom que é bom provar.
E a noite inteira será de prazer
Se o sono bater
A gente o faz dormir
Já que só importa o que está dentro de mim
E que se funde em tua pele
Esse desejo imperante
Que da cautela se despede
Essa conexão até aqui desconhecida
Que entre petiscos e bebidas
Despertou
Então nos restou
Amanhecer e não sentir vontade de ir
Mas por não haver caminhos
É imperioso nos despedir
Meu mundo de um lado
O seu de outro
Mas tantas milhas
Não apagarão o gosto
Da intimidade que já foi minha.

Gabriela





sábado, 29 de junho de 2019

Morreu um amor na cidade

Morreu numa manhã confusa
Um amor na cidade.
Era raiar de um dia
Bem acordado após noite de alegria
E de repente um corpo morto
Um corpo nu e morto numa cidade ao sábado.
Era um amor agonizado
Um amor que se rompeu nas veias e sangrou
As lágrimas de quando se acaba a vida.
Não havia sido uma vida gloriosa
Tampouco constante.
A cidade quase inteira não sabia
Daquele amor agonizante.
Mas ele viveu um pouco
Escondido bem no seu quarto confortável, esporádico.
Fez amor umas vezes e também promessas
Mas ele não tinha regras
E por isso mesmo morreu.
Morreu na pressa de uns três anos
Porque era teimoso e devedor.
Morreu porque também mentia,
Para si e para seu amor.
Eram tantas mentiras juntas
Que aquele amor se afogou inteiro
Nas profundezas da própria traição.
Eu chorei quando vi o amor morrer
Lamentei a falta que sentiria
Mas agradeci logo após por não deixar mais
Haver-me engolindo mentiras
Promessas infundadas e palavras ao vento.
Eu estava presa com ele, mas me libertei.
Um gole de vinho tomei,
Comemorei a morte daquele amor
Mesmo aos prantos,
Mesmo coberta de solidão.
Não haveria mais aquela paixão
Aquele sexo imprudente e gostoso
Não haveria mais os beijos intensos
Nem mesmo olho no olho.
Tudo havia passado com a morte daquele amor
Eu vi por trás daquela escuridão
Quanto tempo se perdeu
Quando achei que o encontrava.
Quanta tristeza havia
Quando eu por dentro sentia que o amava.
O amava demais
Mas a recíproca era falsa.
Ouro de tolo
Pedra bruta, sem chance alguma de ser lapidada.
Eu o deixei ir...
Seu corpo não mais iria se despir
Nem o suor das nossas peles se agarrariam mais.
Era o fim de tudo.
Na manhã daquele sábado confuso
Que se iniciava com as verdades cruas
Que se me apresentavam.
Eu não era o amor dele
Nem sequer algo parecido.
Eu era uma coisa qualquer
Um passa tempo furtivo.
Um prazer sem nome,
Um corpo sem alma.
Uma boca sem gosto,
Uma memória sem palavra.
Eu era uma coisa pra ele,
Aquele amor que me enganava.
Dizia no olhar cruzado
Que aquele amor vinha do passado
Que não iria me abandonar.
Mas me abandonou
Desde quando ele não passou
De um conquistador barato.
Mentiu, usurpou minha dedicação
Bebeu da minha paixão
E comeu da minha fidelidade.
Dormiu no meu respeito
Mas foi mesmo o primeiro
A não ter sequer dignidade
De me olhar no olho e pedir perdão,
Foi um amor covarde
Que morreu por ser uma fraude
A si próprio e à minha humanidade.

Gabriela

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Feito com amor


Somos um só
Minha carne na tua
Carne e unha
Encravada nas costas
Impiedosa
Desce meio vil, meio solta
Passo sem volta
Força e leveza
Misturadas
Meio paixão desesperada
Meio carícias frouxas
Sensação de quase morte
Sem rumo, sem norte
Nossos olhares um no outro
Coisa louca
Respirações tão próximas
Bocas tão famintas
Nos beijamos
Língua com língua
Parece que vamos morrer
Bem ali
E por medo de não nos sentir
Nos sentimos com pressa
Como se o mundo acabasse
Como se nada restasse
Sem regras
Vamos ao céu
Bebemos o mel
Nos lambuzamos
Nos comemos,
Nos amamos
Nos rendemos
Nos fundimos corpo e alma
Como se não houvesse muros
Como se só o amor importasse
No fim das contas
Sem ressalvas.

Gabriela